terça-feira, 21 de setembro de 2010



Acho que ninguém aqui sabe. Sou noiva há algum tempo. Meu menino era, realmente, um menino e filho de uma amiga minha. Sempre que ele me via, corria, me enchia de beijos e abraços apertados. Ele era de um carinho que deixava todo mundo feliz, sabe? 
Meu noivo havia prometido que casaria comigo quando "fosse grande". E eu disse que esperaria.
Ontem, ele morreu. 
11 anos. 
Complicações de uma leucemia sem explicação.
Eu não sou de chorar, você já me conhece. Mas, ao ver, no velório, minha amiga de anos sem o filho, não consegui sequer respirar. Chorei como um bebê. 
Solucei, meu coração disparou e eu senti que meu peito ia explodir. Cheguei em casa às 3 da manhã, anestesiada por um sentimento que até agora não compreendo.
Eu não sei o que aconteceu, mas ontem, acho que deixei que fluisse de mim, uma angústia que eu estava guardando há muito tempo. Não sei direito do que, não sei direito o porquê. 
Não fui trabalhar hoje de manhã. Dormi até mais tarde e tentei colocar algumas coisas (do trabalho) em ordem. Papéis, arquivos e idéias.
Estou bem, acredite. Bem e pensando em como tudo o que parece deslocado, toma uma nova dimensão quando olhada pela perspectiva da proximidade da morte.
 

3 comentários:

Pablo Carvalho disse...

Poxa, Lia, eu sei como vc se sente. No primeiro ano de faculdade, morreu num acidente de carro um grande amigo meu. Nem eu fazia idéia do quanto ele era importante para mim. E mesmo com todo o conhecimento pós-morte, com todas as vivências, chorei feito criança, antecipando as saudades que sentiria e a tristeza de não ter mais como vê-lo pessoalmente. Chorei a dor da mãe dele que me abraçava e repetia "meu Deus, o amigo dele, o amigo dele". Até hoje me lembro daquele dia como uma pontinha de tristeza. Não por mim, mas pelo momento em que a mãe perde o filho. O velório é o atestado de que não se verão pelo resto desta vida, uma separação necessária ao desapego, mas não por isso menos dolorida. O tempo ensina, a vida ensina, e a morte é a lição definitiva de que somos muito mais do que imaginamos. Do ponto de vista da mãe, aprende a superar a "perda". Do ponto de vista do filho, que a vida não termina...

Abraço apertado, lembre dos bons momentos, sempre.

Maria Rita disse...

Lidinha minha linda... eu não sei muito bem o que dizer nessas horas mas... eu sinto pela sua dor e pela dor da mamãe de seu noivo... eu sei que sou ausente, que não apareço muito, mas sempre que preciar estou aqui pra vc. E não é só da boca pra fora. Um beijo no seu coração, sua eterna Ursinha... 13 32616785 ou 13 81190932. Me liga quando precisar... quando quizer e sentir vontade... e minha casa está de portas abertas pra vc. Sempre...

Jaime Guimarães disse...

Minha querida, eu que sou tão ruim com as palavras, só posso dizer que lamento muito. Eu sei como é este sentimento pelo qual você passou e me alivia em saber que está bem.

Diante desta perspectiva (morte) tudo o mais parece tão...banal, não é? E repensamos muitas coisas.

Um beijo procê.