domingo, 27 de setembro de 2009


(A natureza morta com Magnólia, de Matisse)

É tudo, de repente, um grande aglomerado de coisas. Você, sua vida, a arte que cerca seus olhos, os sons das pessoas que passam, e o amor do mundo, pelo desamor d
o mundo.
Então, você pensa que coisas boas acontecem. Faz o jogo do contente, resgata memórias passadas e vive em um presente futurista.
Sim, coisas boas acontecem.
E você teima em vê-las. Onde quer que elas se escondam. Mesmo que você se esconda.

Ontem fui ver Matisse na Pinacoteca.
Se você me conhece um pouquinho, já deve saber que a Pinacoteca é um lugar especial para mim.
Mas não sei se gostei da exposição. Gente demais, silêncio de menos.
Volto outro dia. Talvez para isso sirvam as tardes cinzentas de chuva. Talvez pelo cinza, eu goste tanto das cores que explodem em um Matisse.
Talvez.


A Virada Russa, no CCBB, não estava diferente. Fila para ver Ka
ndisky, fila para ver Chagall, fila para ver qualquer coisa que eu quisesse ver.
Mas uma das filas me trouxe um presente. Quase que como um pedido de desculpas. E eu, aceitei.
Também enfileirado, o Laerte falou comigo. Quase uma metonímia: a fila
pela fila. A arte pela fila.
- Sim, é fila para ver Chagall. E poxa, você é a cara do Laerte. Igualzinho.
- É que eu sou o Laerte.
Silêncio no CCBB. Silêncio imaginário, claro. Porque as pessoas falavam sem parar, mas meu cérebro congelou. A minha cara deve ter dito tudo. E, para salvar o planeta de mais uma fã besta
, ele perguntou:
- Eu conheço você?
- Não, você não me conhece, mas eu conheço você. E eu sorrio.
E ele sorri de volta.
- Não estou te devendo nada, né? E ele ri de novo.
- Tirinhas autografadas.

E ele ri mais uma vez com a resposta. Laerte risonho.
Ou, eu acho que ele ri. A essa altura, eu já estava sem respirar.
A fila andou. Me separou do Laerte.
Grudei no braço do "moço do arroz japonês" e só sabia dizer:
- Cara, era o Laerte!
E o "moço do arroz japonês", acho que com pena, me apertou o braço, mexeu no meu cabelo e riu. Junto com as filas que criaram vida e que a essa altura, têm um lugar garantido no
meu coração.

Na volta, resolvi que merecia outro presente.
Fiz compras na minha loja preferida, dei voltas, a pé, por ruas conhecidas e sorri para a Alice, para o coelho e para o Chapeleiro Louco que há em mim.

Um desaniversário completo. Porque quando cheguei em casa, tinha até bolo.


(Laerte, como sempre, genial)
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P.S. E caso você não tenha entendido nada sobre a Alice, o coelho e o Chapeleiro Louco, é só clicar neste link.
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2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei, também ficaria boba se encotrasse o Mia Couto, ou o Caetano numa fila, ou mesmo o Angeli. Na realidade, não teria asua 'desenvoltura' porque, com certeza, emudeceria e arregalaria os olhos, como se eles pudessem falar por mim, rs.

bjs.

Greice

Lidiane disse...

Desenvoltura nada.
Fiquei foi meio besta.
risos
E olha que já tinha falado com ele uns três ou quatro anos antes, em uma solicitação de entrevista para minha dissertação.
Sabe o pior? Ele aceitou.
risos