segunda-feira, 30 de agosto de 2010

 
O tempo está tão seco... difícil respirar. 
Já bebi tanta água hoje que, mais um pouquinho, viro um rio.
Sério!
Fora isso, tenho pensado muito sobre a maneira com que reajo às coisas. Sou tão medrosa.  Tão...
Eu sei que, para quem me conhece, ouvir (ou ler) isso, parece estranho. Normalmente, as pessoas me enxergam de uma outra maneira. Acho que é treino. Ou sei lá, engano.
De todo jeito, pelo menos, a percepção disso já não está passando tão longe de mim. Por isso, tomei algumas decisões. Entre elas, deixar que os momentos aconteçam mais naturalmente, ao invés de tentar impedi-los por medo.
O engraçado é que, na maioria das vezes, percebo a bobagem feita, segundos depois, e acho que não vale a pena consertar. E, às vezes, não tem mesmo conserto.
Ontem foi um exemplo. 
Deixei escapar uma oportunidade que, talvez, fosse, no mínimo, divertida. Mas o medo me fez reagir, ao invés de aceitar. Boba, né?
- É!

Então, por merecimento e pra dar coragem àqueles que, eventualmente, passam por aqui, o meu poema preferido. 
E que sempre leio quando preciso de uma nova direção.

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que estereliza os abraços.
Não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro
e medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas.
Cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

Carlos Drummond de Andrade

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