sexta-feira, 31 de julho de 2009


(Renoir)

Possibilidade é uma palavra que gosto muito. E, talvez por isso, São Paulo me atraia tanto. Apesar das chuvas, do trânsito e da multidão que sobe e desce as ruas o tempo todo.
Não fosse por isso, seria perfeito. Como ontem, um dia nublado e frio, na Paulista.
Em uma única tarde, pude almoçar feliz e indiana no meu restaurante preferido. Andando mais um pouquinho, e chegando ao MASP, fiquei pertinho de um Van Gogh e me senti sozinha e triste como ele. Em seguida, porque a vida vai além das dores, me imaginei dançando para o pequeno e louco Lautrec em um cabaré na França. Diante de Rivera, fechei os meus olhos e explodi de paixão pelas cores quentes e pelo verão das peles morenas. E, quando abri, me vi azul, como em uma tela de Picasso. E só então, fui embora, me sentindo uma das mulheres de Renoir.
Grande, tranquila e linda.
Atravessando a rua, a exposição do Sesi brincou com os meus sentidos. E me fez rir quando o "moço das guias" tocou em uma instalação que era só para ser vista. Culpa minha, confesso.
Isso tudo me fez lembrar Duchamp, que, por coincidência, "vi" em seguida na Martins Fontes, quentinha e convidativa, como uma casa que vende livros deve ser.
O frio persistia na Paulista, me lembrando de um tempo em que eu tinha poucos casacos, porque nunca havia passado tanto tempo em uma cidade tão fria. Fiquei com saudades de Salvador e do vento morno fazendo cócegas no meu rosto.
A saudade passou logo quando, no Itaú Cultural, vi uma exposição sobre a vida e obra do Zé Celso. Yemanjá estava lá, recebendo de braços abertos, em um terreiro cenográfico, a todo filho que quisesse experimentar o encantamento do teatro.
Terminei o dia, na casa das Rosas, tomando chá, falando pelos cotovelos e sonhando com uma biblioteca "com teto de madeira", tão aconchegante e acolhedora, como o mais quente e macio dos abraços.
Hoje, já estou com saudade de ontem.
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