domingo, 28 de fevereiro de 2010

(Pesare)

Em conversa recente com o "meu amigo psicólogo", falávamos sobre religião.
Ambos, embora sejamos diferentes em muitos aspectos, concordamos nesse quesito.
Somos de famílias "religiosas" e temos mães insistentes. Mas ainda assim, preferimos escolher e seguir nossos caminhos, sem nos apergamos às divindades (sim, porque há bem mais de um deus na história da humanidade).
Essa não é uma escolha fácil. É só olhar para os lados e contar as igrejas, templos e casas de oração que nos circundam. Multiplique isso por centenas de ovelhas e teremos um rebanho de pessoas que seguem algum princípio teológico.
Agora, falo apenas por mim. Conheço muita, muita gente, que faz da religião fuga ou muleta. Que se esconde em uma rede de verdades sem, sequer, fazer questionamentos. Aceitação pura e simples.
Dogma e submissão.
O mais engraçado é que outro dia, entrei em uma discussão quente com outro amigo. Ele, ateu e marxista, e eu... bom, eu sou eu.
Ele questionava o poder dominador das igrejas sobre os homens, e eu defendia o nosso poder de escolha.
Ele dizia que a igreja é a culpada pelas mazelas e guerras da humanidade, e eu dizia que a igreja foi inventada pelos homens, portanto, o que vivemos é fruto do que criamos.
No final, concluímos, que à luz da filosofia, nossa discussão foi superficial e irrelevante. Foi mesmo...
Mas, eu creio (e crer é um verbo bem religioso) que a religião tem o seu lado positivo também. Há quem encontre nela conforto silencioso e paz interior. Ou ainda, há quem descubra na religião, uma forma de se tornar melhor.
Mas há a hipocrisia, a transferência de responsabilidade para um ser superior e inatingível, a subserviência e a culpa.
Eu não gosto disso. O que gosto mesmo é da descoberta. De ser respeitada por minhas escolhas e de decidir, sem interferência de pseudo demiurgos o que é melhor para mim.
E neste momento, o melhor para mim é fazer o que estou fazendo: procurar me entender.
Quem sabe assim, eu consiga entender você também.

4 comentários:

Pablo Carvalho disse...

E há quem acredite que descobrir-se é encontrar a divindade de si mesmo. Sem transferência de responsabilidade, sem culpa, sem inatingibilidade. Apenas o dar-se conta de que cada um é um deus. Sob este prisma, entender a si mesmo é tornar-se o deus de si próprio, sem arrogância ou orgulho, apenas com a certeza. Talvez seja este o conforto final que as pessoas buscam quando procuram um Deus exterior a elas mesmas...

Lidiane disse...

Bito, a questão que coloco, não é o que é certo, nem errado. Mas os olhos vendados.
Tem muita gente que se diz religiosa, mas que vive de uma forma insana e sádica.
Enfim...

Beijoca.

Rafael Afonso Silva disse...

Mas é exatamente ficar de "olhos vendados", a ignorância por excelência, a condição fundamental para a permanência no "paraíso", segundo o mito criador. Coma o fruto da árvore do conhecimento e o paraíso, outrora perdido, nunca será alcançado e haverá apenas fogo e ranger de dentes.
É isso que muitas religiões pregam, assim, não vejo com estranheza o modo de vida de alguns religiosos.
Beijos, Lidi!

Lidiane disse...

Rafinha.

Eu gostaria de ter esse espírito de entendimento. Compreender os motivos das pessoas, essa entrega...
Estou tentando, sabe?
De verdade. Acho importante e respeitoso.
Um dia, consigo.

Beijos.