terça-feira, 22 de novembro de 2011

 (Max Ernst)

Meio sumida, eu sei. Um misto de preguiça de escrever e falta de tempo. As coisas foram acontecendo, acontecendo e quando me dei conta, já estava pra lá de atrapalhada (e dura).
Fim de semestre é sempre essa loucura e o trabalho quase me engole.
Bom, apesar disso, o saldo desses dias é positivo. Com algumas partes bizarras e outras muito boas. 
Entre as boas: comi pastel e pizza, em dias diferentes e restaurantes diferentes. Sei que parece normal pra você, mas, há quase um ano não como nada que não seja sem condimentos estranhos, sem corante, sem conservante e quase sem gosto. A médica pediu que, aos poucos, eu voltasse a comer bemmmmmm devagarzinho algumas coisas e tcham, cá estou eu, fazendo "orgias gastronômicas" para os meus padrões naturebas. O resultado é uma dor de cabeça gigante, mas, pelo menos, minha pele está intacta e não estou me coçando.
Outra parte boa foi ganhar a biografia do Steven Tyler (O barulho na minha cabeça te incomoda?). Estou doida pra começar a ler. Foi um presente, realmente, adorável.
Falar nisso, também ganhei uma poesia. Talvez tenha sido esse, o melhor presente do ano.
Eu e minha queda pelo intangível...
Pois é, achei a poesia tão linda  que criei coragem e digitei aqui. Sim, porque ela foi escrita à mão. 
É ou não é pra ficar boba?
O poeta é "surrealizante", por isso, se não entender algumas coisas, ou achar que o texto não faz sentido, desligue o seu modo de operação "racional" e viaje comigo.
Prometo que valerá a pena.

                                  XXI dias

Átomo de bálsamo noturno no beco da leoa
Curvas de instantes nascidos nos ossos de margaridas 
                                 quentes no amianto
A noite é muito rápida para eu soluçar em suas secreções
As gigantes janelas são páginas depiladas secando à sombra
                                            de véus de saliva
        Raízes que mastigam os próprios pés
                  Felina-carrosel
        Anjos com hálito de arame-farpado
                   Cabelos Pérola Ipiranga
        Orgasmos tão altos que sufocam os viadutos
O chão dobra a gota dos cotovelos
                                 e os minutos aluados do seu bailar
                   Manteiga medusa congelada em vinho-morfina
      Eu não consigo parar e respirar
      O suor nas tintas asfaltam os lábios secos
                De uma mordida esfumaçada no ventre de Sativa
A textura de sua máquina de lembrar
        Cavalga na maciez que sempre arranharei
       Lençóis bordados em corredeiras de línguas
                                                    Em carne-viva & Flor-Afrodite
Tapete epidermial em seu gosto de Circe/Carmin
                O beijo verde de um aracnídeo
Pescando o hímem do céu na boca de seus olhos
Relógios salgados escadarias da saudade gelo sangue e limão
                                                     Das nuvens de cobre
          Em cílios-carvão algodão-parábola em jasmins
Íris sorridente no seio do leite das palmeiras bêbadas
Em dendê mel e gemidos que abraçam
                                                    nossos encontros

(R. Souza)

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