domingo, 2 de outubro de 2011

 (Goya)

A verdade? Sou difícil mesmo. Se me aborreço, sou difícil e é isso.
Acabei de jogar no tanque, um vidro de amaciante e outro de sabão líquido.
Estavam cheios de água. Não tinham mais consistência de amaciante e nem de sabão. Eram água com cheiro.
Eu reclamei uma, duas, mil vezes. Então, reclamei de novo e avisei: vou jogar fora. E joguei. 
Derramei no tanque com o coração doído, sabendo que estava sendo mal educada e grossa. Mas é isso ou não ser respeitada dentro da minha casa.
Sei que vou fazer isso mais mil vezes. Mais um milhão de vezes. Mas, ou vai ser assim, ou não vai ser.
Sei também o quanto custa sabão, amaciante e todo o tipo de coisa. Dói (muito) no meu coração jogar fora. Mas não aguento mais falar sempre a mesma coisa.
Talvez eu não tenha nascido pra essa convivência cotidiana. Mas, entenda, não gosto de solidão o tempo todo. Não é isso. Gosto de gente, mas gosto de espaço. E preciso do meu. Pra estudar, trabalhar, criar, descansar ou pra fazer nada.
Estou numa daquelas fases difíceis de querer ficar em paz em casa, sem ninguém por perto. Acho que todo mundo já percebeu aqui. Ou, quase todo mundo.
Pensando bem, talvez o que eu, de fato, mais queira é ficar em paz comigo. Ainda que esteja no meio da multidão.
Só que, não consigo, principalmente quando depois de tudo, ainda tenho de ouvir:
- É por isso que as pessoas têm "cisma" com você. Você poderia ser mais simpática.
Honestamente, eu sei que poderia. 
A verdade é que sou simpática. Mas não com todo mundo. Com alguns, sou séria mesmo. Para outros, ofereço o meu melhor sorriso.
Também não acredito na máxima sartreana de que o "inferno são os outros". Esse existencialismo todo não é pra mim. O meu inferno, sou eu. Plutão me ronda. E quando se cansa, troca de nome, vira Hades e me beija.
O problema está cá dentro e não aí fora. Do seu lado. Eu sei disso.
Um amigo me disse que as mulheres tendem a ser mais agressivas com as palavras. E por instinto, um homem, usa a força. Não sei o que pensar disso. Será que é válido generalizar tanto?
Mas, por essa lógica, ainda bem que sou mulher. Senão, já teria batido em alguém. Preciso, de verdade, canalizar a minha agressividade e insatisfações para algum lugar. Pensei em fazer um esporte. Desses de luta. Boxe, ou sei lá o quê. 
Mas você me conhece, né? Também não combina. Minha indolência é irmã da minha preguiça. Eu gosto de arte, de filme, de andar por aí. Se eu fosse levinha, iria correr. Ou voar. Acho que ajudaria. Mas não sou leve e nem Ícaro. Então, a solução é andar.
Por isso, peço licença e vou ali andar. Andar um monte. Andar pra pensar e sem parar. E deixar que toda essa ansiedade escape de mim.
Depois, passar no mercado e comprar amaciante e sabão líquido.
Pois é, amaciante e sabão líquido... Mea culpa. Mea máxima culpa.

P.S. Post sem revisão, porque senão, você sabe. Deleto.
P.S.2 Vai chover.
P.S.3. Acho que tudo isso é síndrome do "malcom" (ahahah).
P.S.4. A imagem que ilustra o post é de Goya. É Chronos (Saturno) devorando um filho. O detalhe é que Hades (Plutão) também é filho de Chronos (Saturno).
Freud explica. :P




Um comentário:

Maísa Picasso disse...

Poxa, amiga, você está um turbilhão por dentro. Caminha mesmo, vê coisas gostosas ou diferentes pra jogar essa energia, deixar ela ir, ser encerrada. Isso vai passar. Tem fé.