sexta-feira, 2 de setembro de 2011

(Botticelli - Nascimento de Vênus)

Quando estou chateada, triste ou precisando esvaziar a cabeça, eu ando.
Ando e ando.
Além de ser saudável para o corpo, a mente precisa de ventilação.
Há tempos, essa foi a forma que encontrei para me "oxigenar". Então, é mais uma questão de necessidade do que de decisão. Mas hoje foi uma questão de decisão e de necessidade.
Acordei tarde para os meus padrões e fui. Não fiz nada. Não estudei, não preparei aula, não corrigi o que precisava. Não fiz nada, além de andar.
Agora estou aqui, olhando para o relógio e pensando que o universo, às vezes, dá avisos tão evidentes que eu nem sei como reagir.
Pra ser mais exata, estou meio sem saber o que fazer ou dizer. Talvez em outra época fosse (bem) mais fácil, mas a conselheira estelar tem razão: estou em um momento desprotegido. Bem sensível mesmo.
Ela me disse, dia desses, que me sinto uma boneca de louça, com medo de ser quebrada e nunca mais ter conserto.
A verdade, é que acho que sempre me senti assim. Não sei como reagir a um monte de coisas. Me atrapalho toda com uma cantada, com um elogio e com situações que me levem a ficar vulnerável. Pior, determinadas críticas (não todas, claro) me abalam demais. Como agora.
Insegurança?
Sim.
Ela disse que, antes de tudo, preciso parar de divagar e reconhecer as minhas necessidades. O que eu quero realmente. Não negar o que preciso por meio de ações e subterfúgios.
É preciso um esforço hercúleo para começar a andar nessa direção, sabe? Se por um lado, eu sempre achei que estudar e ser inteligente fosse resolver meus problemas, hoje, vejo que isso causou grande parte deles. 
E não, não é ruim estudar. Não é ruim todo o esforço e a tentativa de ser melhor. O ruim é não saber lidar com o lado emocional, e só ficar no mental. O que, aparentemente é o meu caso.
Eu me irrito facilmente com as pessoas, sobretudo com a minha mãe, que é tão diferente de mim, mas tão parecida em outras coisas, que chega a ser esquisito. Às vezes, quero ficar sozinha e não consigo. Ou quero estar acompanhada e não tenho com quem. Não é exatamente um drama, entenda. É uma constatação. Ou ainda, Vênus em Peixes. Segundo o Márcio (o outro conselheiro estelar), vem daí essa mania de me sentir vítima das circunstâncias que, eu mesma criei.
A parte boa é que eu não fico só me lamentando. Continuo andando, continuo persistindo e, normalmente, os resultados são bons. Só que, quando começo a me achar "a gostosona", a vida me sacode e me mostra que carreguei na tinta. (Novamente, como agora).
Sinceramente, não conheço ainda o equilíbrio entre a auto-estima e a comiseração. Ainda não consigo dosar o tempero do bom senso em relação ao que penso e ao que realmente quero.
Aliás, eu nem sei, claramente, o que quero.
Talvez isso tudo, esse cai-levanta emocional faça parte do meu processo. Conselheira estelar (ou, a terapeuta, pra quem não sabe) me disse que tenho muita força interior e que estou em um momento poderoso na minha vida. Só que, isso dói e, acarreta um resgate e modificações que deixam minha cabeça, normalmente, cartesiana, sem entender a métrica e a lógica da vida.
Um "novo amigo" me disse esses dias que "dor não tem métrica".
Acho, que dor não tem métrica e, muitas vezes, nem tem rima.
Assim como o amor.
Amar e doer, em potência, são verbos intransitivos, mesmo que não sejam em gramática.
Acho que, o que preciso mesmo, é me perdoar. E me amar.
Sem senãos e porquês.
Sem rima. Sem métrica. E sem dor.

P.S. Post confessional demais, eu sei. Nem vou revisar, senão, apago. Já sabe, né?

2 comentários:

Maísa Picasso disse...

:) post corajoso, lindo, forte e emocionante. Bem-vinda, amiga!

Jaime Guimarães disse...

Lidi, mas quem sabe o que quer, realmente? Olha, não é muita gente não. Estamos no mesmo barco. Quando descobrimos o que realmente queremos, temos o foco. E nossa energia é direcionada para o que queremos conquistar. Sem isso daremos voltas e mais voltas.

E é isso: se amar. Ficar bem consigo mesma. Um filósofo já dizia que a felicidade é gostar da vida, gostar do que se tem - mesmo que seja tão pouco.

Não tem culpa de nada, querida. Aprender com o passado e viver no presente, eis o que precisamos fazer. E não se esqueça do que combinamos ;)

Beijo!

"novo amigo"? :)